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Maria das Palavras

A blogger menos in do pedaço, a destruir mitos urbanos desde 1986. Prazer.

12
Abr16

O ciúme e as estúpidas das ciumentas.

Maria das Palavras

Há aí uma cultura de gente feliz e com toda a segurança do mundo que trucida as mulheres (e homens) atingidos por esse bicho vil que é o ciúme. Os ciumentos só podem ter um excedente de células parvas porque toda a gente sabe que as pessoas felizes e normais e que amam de verdade não têm ciúmes. Divide-se mais ou menos assim: 1) se há mesmo motivo para desconfianças (e normalmente onde há fumo há fogo) deves ser crescido e racional e afastar-te dessa relação que te faz mal com a leveza de duas embalagens de discos de algodão para tirar maquilhagem da cara; 2) se não há motivo e é tudo insegurança tua vê lá se te afogas num balde, porque as pessoas de jeito não estragam as suas relações - elas sim - com esse tipo de picuinhices.

Se ao menos a complexidade humana fosse um mito isto podia ser dito assim. 

 

A verdade é que sentir "ciúmes obsessivos" acontece sem que se queira ou possa controlar facilmente. Porque, sim, o ser humano consegue ser inseguro e catar o pior de si e dos outros porque sabe que a vida não dá folgas e  muitas vezes até porque já se queimou por ser ingénuo. Nunca os experimentei, nem preciso disso para saber que são passíveis de estragar relações, mas o propósito bem certo não era esse. Nem sempre conseguimos manter-nos com o switch da racionalidade para cima. O amor e o ciúme não vêm de mãos dadas mas têm em comum o turbilhão de emoções que nos fazem experimentar. Em querendo e fazendo por isso, a maturidade, o equilíbrio, a segurança, chegarão com a ajuda dos que nos rodeiam. Mas as pessoas ciumentas não estão estragadas. Estão a tentar lidar com alguma coisa. Como estamos todos. Podemos e devemos, enquanto objeto de ciúme chegar ao ponto em que temos de nos afastar da pessoa ciumenta - fazer o melhor para nós. Mas o julgamento continua a ser uma arma perigosa e a usar com moderação. De um lado e de outro.

 

Imagem Pixabay - CoraçãoE sentir os chamados "ciúmes saudáveis" então é tão natural como a nossa sede. Dos amigos, dos pais, dos irmãos...sobretudo do parceiro ou parceira. Ter aquele incerteza inicial, procurar um reforço positivo do outro lado. Hoje em dia não sinto ciúmes do Moço, e não me considero uma pessoa ciumenta no geral, mas fiz os meus beicinhos no início da relação. Continuo a achar que tenho o direito de não gostar de certas confianças alheias e ele tem o mesmo direito, desde que não haja nunca um momento em que isso ponha em causa a confiança no outro. Há até um certo salero em querer provocá-los (dentro das linhas do aceitável e inocente) muito embora não seja um jogo recomendável - sobretudo se o lado de lá tem traços de ciúme carregados. Nem convém usar ciúme para ganhar pontos em relações que não estão sólidas - nada de bom se contrói sobre a base de um sentimento, que por mais natural que seja, não deixa de inclinar para a negatividade.


Não acredito tudo em quem diz que nunca na vida os experimentou, mas a acreditar, acredito que esteja relacionado com o desprendimento dos sentimentos negativos que querem e conseguem estas pessoas. Conseguem impor a si próprios extremo otimismo e ver sempre o melhor dos caminhos à sua frente - palminhas por isso, gostávamos todos de o conseguir. Mas enquanto trabalhamos todos em ser seres humanos melhores não advoguemos que o normal é não ter ciúmes e todo o restante tipo de relações tem caruncho. Como se algum de nós fosse esse poço de virtudes e equilíbrio inesgotável.

 

[Este post não se escreve na defesa da ciumeira, que não é prática que se deva defender ou descupar quando levada ao extremo, mas na assunção de que temos todos fraquezas e compreendemos sempre melhor as nossas do que as dos outros.]

 

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