Conto Pingue-Pongue: A São e a Madalena
Está inaugurado o conto pingue-pongue. O conto que vai e volta. Escrito a duas mãos, por mim e pela minha rica BB, que escreverá a segunda parte e mandará devolver. Please enjoy. BB, a bola fica do teu lado.
A São e a Madalena - Parte 1
Lisboa, 3 de Dezembro de 2014
Querida Madalena,
Sabes que sou alérgica ao telefone. O meu pai sempre me disse que ao telefone não se namorava, só se marcava o namoro. Talvez por isso, esgoto as palavras em pouco tempo e nunca sei o que dizer de auscultador ao ouvido. Só que agora estás longe, as nossas sessões de corte e costura no Café Central foram canceladas por tempo indefinido (e não, não tenciono mesmo aderir ao Face-coiso). Por isso faço como já ninguém faz: escrevo no papel.
À exceção da tua ausência está tudo na mesma.
O Tomás ficou de me ligar, mas se calhar também desenvolveu uma alergia ao telefone. De forma que não falo com ele há uma semanas e três dias. Sim, estou a obcecar ligeiramente com isto, mas finjo que não se passa nada. Já o outro não pára de me chatear, estou tentada a mudar de número e tudo. sabes bem que não consigo lidar com aquele defeito dele, não é? Paciência...antes só...
A Joana mata-me de tédio lá no trabalho. Agora que não estás, deve achar que me sinto sozinha e não me larga um minuto. E por falar em obsessões, acho que ela também está a desenvolver qualquer coisa: deu em chefe de economato e está sempre a ver se o pessoal precisa de lápis afiados, agrafos, blocos de notas. Desculpas para se chegar ao pé de toda a gente e alcovitar mais um pouco.
E antes que perguntes: sim, o Artur está farto de perguntar por ti. Fiz como pediste e disse que não sabia. Estou claro, a passar pela mentirosa que sou - ele sabe que eu sei, que o rapaz além de giro que dói não é parvo de todo. Juro que não percebo este teu pedido. Tu estavas pelo beicinho e de repente deu-te o enfado ou o que foi?
E é isto...não me alongo, que nem sei se vês o correio. Hoje em dia só se recebem contas e até essas já vão para a caixa de email, a bem das árvorezinhas.
Está-me a apetecer escrever aquele P.S. da anedota, a dizer que te ia mandar uma nota de 50€ mas quando me lembrei já tinha fechado o envelope. Para veres o que estou habituada às cartas (nada).
Pois bem, um abraço minha amiga.
São