Se ele não existisse.
Eu teria mais espaço no roupeiro. Escolheria sem negociações e cedências - faça-se a minha vontade - o próximo filme ou série a ver. Ouviria sempre a Smooth e nunca a Vodafone FM. Não teria courgettes no frigorífico. A cama era toda minha. O aquecedor podia estar sempre ligado no máximo. Teria menos aniversários de amigos para me preocupar e casamentos para assistir e bebés para "apadrinhar". Podia usar as três mantas do sofá ao mesmo tempo (e todas as almofadas). Teria menos família para visitar e me dividir no Natal e na Páscoa. Nunca teria de cozinhar cogumelos, torcendo o nariz para delícia dos outros. E usaria sempre canela na tarte de nata e polpa de tomate nos guisados, sem me preocupar com A e B ou C, que nem conheceria. A minha agenda seria muito mais fácil de organizar. Seria feliz na mesma, transcrevendo-o em textos escritos com mais eu e menos nós.
É como eu digo. Se ele não existisse, eu seria infinitamente mais pobre.